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Relato de Parto da Priscilla

Nascimento da Flora.

Na segunda a noite (29/04) eu já reclamava de dor. Chamamos nossa enfermeira (Bruna), que conforme combinado, ficaria nos dando suporte em casa para irmos o mais tarde possível para o hospital. Eu queria ficar em casa e curtir o quarto da Flora o máximo que pudesse. A madrugada foi longa, com as contrações ficando cada vez mais intensas. Eu e meu marido passamos a noite acordados. Pela manhã as coisas foram ganhando mais ritmo. A esta altura já tinha feito spinning babies, vaporização, banho de ervas, tomado chás e ficado bastante tempo na bola de Pilates. O tempo todo acompanhávamos os batimentos da bebê e estava tudo bem. Almoçamos e as dores e o ritmo permaneciam. Decidimos ir pro hospital, já que sempre tem aquela burocracia da internação e poderia ser bem desgastante ficar contraindo na recepção. O padrão do meu Trabalho de Parto foi diferente. As contrações eram espassadas, porém muito doloridas. Já não tínhamos noção de tempo porque a sala não tinha janela. E passamos mais uma madrugada de muita dor. Eu dormia por 10min e acordava gritando. Por mais que a própria médica quase nunca fizesse toques durante os TPs que ela acompanha, precisávamos entender o que estava acontecendo, porque demorava tanto a ter ritmo. Será que ainda eram pródromos? Um pouco antes da meia noite da terça (30/04), estava com 4cm, colo fino, mas a Flora estava numa posição ruim, que impedia que ela descesse mais. Por conta disso, sentia muita dor pro corpo dar conta de rotacioná-la e de dilatar. Ali fiquei bem desanimada. Eu já estava com dores mais fortes há 24h! No entanto, por volta da meia noite, a bolsa estourou. Animei um pouco.

Na minha cabeça só queria que ela virasse. Imaginava que isso ia fazer com que andasse mais rápido. Meu medo era ter que fazer uma cesárea por conta da posição. Ao mesmo tempo eu já morria de medo de ver aquelas dores piorarem. Tudo muito contraditório...

Também me sentia pressionada para que andasse logo. Embora toda a equipe (médica, enfermeira e fotógrafa) me apoiasse, eu ficava mal de ver que mais um dia se passava e elas estavam a minha disposição. A disponibilidade de todas fez a completa diferença. Em nenhum momento ninguém me disse que estava demorando demais ou que só ia esperar mais um pouco. O clima era de espera serena, de que uma hora a Flora ia nascer, no tempo dela.

Eu, porém, estava esgotada e mal conseguia andar pelo quarto. Só queria ficar deitada. Comecei a cogitar a analgesia porque não sabia mais quanto tempo aquilo ia durar, mas consegui seguir os conselhos da equipe e não ceder.

Pela manhã outro toque. 6cm e ela ainda estava na mesma posição, mas a médica alcançava a cabecinha dela e perguntou se podia rotacionar. Doeria um pouco mas ela conseguiria. Eu autorizei e deu certo. Nem doeu. Primeiro alívio. Ela dificilmente se viraria de novo. Então, talvez agora engrenasse. Meu ritmo continuava o mesmo e as dores se intensificaram. Que medo eu estava! A enfermeira pedia pra eu agachar e eu não conseguia. Ela e a médica insistiam para eu enfrentar o medo e estava bem difícil.

Chegou meio dia. 12h de bolsa rota. Antibiótico administrado. Como eu estava desanimada!! Nada avançava... Nesse momento a enfermeira teve um papel essencial. Me fez andar pela sala, dançou comigo, consegui agachar e a partir dali foquei e não demorou muito pra sentir que as contrações mudaram, eu sentia vontade de empurrar. A partir de então fiquei na banheira. Eliel, meu marido, ficou comigo o tempo todo me segurando enquanto eu dormia no meio das contrações. Eu literalmente apagava. Quando eu acordava, focava em um ponto e pensava que tinha que acontecer. Que eu ia aguentar. Pensava um pouco nas mulheres da minha família e nos inúmeros relatos de parto que li ao longo da gravidez. Não sei quantas horas se passaram.

Obviamente injuriei o processo algumas vezes. Agora até consigo rir um pouco disso. Mas pra mim era muito grave eu estar desse jeito, vulnerável, porque eu tinha desejado muito aquilo tudo... Enfim, era difícil aceitar que eu estava mesmo esgotada e que estava sendo difícil demais.

Em algum momento na banheira, depois de gritar muito, finalmente senti uma parte da cabeça dela. Eu podia tocar. Estava perto. Estava finalmente acontecendo. Não era como eu imaginava essa parte. Eu não sentia tanta dor assim, eu sentia mais cansaço da força. E, seguindo o padrão do meu corpo, com contrações que demoravam 7min mais ou menos de intervalo, ela veio vindo. Eliel amparou a cabeça e esperamos a última contração, em que saiu o corpinho dela.

Flora veio na mesma paz com que cuidou de mim durante a gestação. Sem chorar e bem atenta com o novo mundo que desabrochava a sua frente. Ela nasceu às 16:36 do dia do trabalhador.

Algumas das minhas conclusões sobre todo o processo é que não dá pra saber mesmo como as coisas serão e que a gente pode sim se frustrar e reclamar rs. E a mais importante é que eu sou a prova viva que essa história de que não teve dilatação é balela, salvo em raros casos. O que se precisa é de paciência, é esperar nosso corpo e cada um vai ser de um jeito. Foi muito difícil e não teria sido possível sem o cuidado daqueles ao meu redor, me respeitando e me conduzindo da melhor forma.

Posso dizer que se não fosse a assistência maravilhosa que tive e meu marido que esteve ao meu lado o tempo todo eu não teria conseguido. Isso fez toda a diferença. Agradeço ao Eliel que foi a pessoa mais parceira e comprou todas as brigas comigo por tudo, para que a Flora viesse do jeito dela, no tempo dela, sem intervenções desnecessárias. A Bruna, que esteve conosco nos apoiando o tempo todo e que me ajudou muito na reta final. E a Luciana, nossa médica que também cuidou de nós com todo carinho nos deixando viver ativamente o processo e me incentivando a ser a protagonista desta história.

Confiram o vídeo do parto:


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