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Cura e perdão


Em um dia fora do tempo, recebi num sopro de brisa, o cheiro de minha mãe, de uma forma que eu não percebia há longo tempo.

Era um cheiro doce de flor perfumosa, delicada e colorida, que me fez chorar como quando ainda era uma pequena menina.

Me perguntei há quanto tempo o meu coração estava fechado para sentir o seu calor. Me perguntei quanto tempo tenho desperdiçado com pensamentos de critica, julgamento, egoísmo e separatismo... Me perguntei como eu poderia resgatar tantos anos perdidos em desamor.

Em um sopro de consciência, recebi a presença da Grande Mãe, que me pediu para abrir os olhos e enxergar. Prestar atenção e obedecer.

Ela me contou que este desamor estava desenhado em uma mesma teia, afetando todas as minhas relações; me mostrou como os mesmos processos são repetidos, tempos a tempos, na tentativa da vida de me mostrar a verdade sobre o perdão e a compaixão. Me contou que a cada momento que renego a minhas ancestrais, renego a mim mesma minhas próprias sombras.

Me sussurrou também um segredo, um segredo precioso; que coração de mãe é tudo igual: Um redemoinho louco e profundo de dor e de amor, alguns mais dor, outros mais amor... E que se pudessem, todas as mães dessa Terra, por toda a humanidade, por todos os tempos, escolheriam o amor se assim pudessem, se assim fossem capaz.

"Estamos todas aqui para aprender a amar, fia! Chegou a hora de perdoar..." Me disse sorrindo.

Coberta em seu manto, me trouxe em seus braços meu pequeno bebê, me relembrando que eu também ainda erro, que eu também ainda estou crescendo e que eu também estou doída demais pra amar.

Aceitei seu convite e lhe ofereci com humildade o meu coração. A Divina Mãe entrou, abriu com carinho todas as portas de minhas memórias mais doloridas; de abandono, rejeição, raiva ou insegurança... Mexeu e remexeu, até que no fundo de tudo isso, me deparei com o cheiro doce de roseira fresca, chamado Amor de Mãe.

Juntinho a esta mamãe, aconchegada em seus seios, pude sentir um novo sopro de vida em meu Ser, vi minhas raízes entrarem profundas na Terra, enquanto meus galhos cresciam enfim livres em direção ao infinito. "O perdão liberta", ecoou.

Abençoando a meu filho, enquanto abençoada por minha mãe, minhas avós e todas aquelas mulheres que vieram antes de mim... hoje sei, com o coração leve em alegria, que cada uma delas é parte do que sou. E que minha cura, é a cura que abençoa a cada uma delas. Texto: Morena Cardoso Fotografia: Camilla_Albano

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