Síndrome de Ovários Policísticos – SOP
Nessa publicação proponho a conexão entre a ciência, com o que há de mais moderno do International evidence – based guideline for the assessment and management of polycystic ovary syndrome 2018, o estudo de mais de 20 anos de literatura científica, congressos, mestres na temática, e a experiência no atendimento de mulheres na Universidade, no consultório de Ginecologia (antes tradicional, atualmente holística), nos plantões e nos círculos de mulheres.
Essa trajetória me permite a ousadia de nominar a SOP de Estado Metabólico Disfuncional Feminino, retirando o peso nominal que recai sobre os ovários e ampliando a possibilidade de entendimento dessa Síndrome, que é tão mais complexa em sua patogenesia quanto mais fácil de tratá-la a partir de sua compreensão holística. Toda minha dedicação ao estudo dos “Ovários Policísticos”- outrora e muitas vezes ainda assim chamado - vem da minha inquietação de ter sido diagnosticada com tal problema aos 16 anos e ter saído de um consultório com prescrição de hormônios, que me geraram tantos efeitos colaterais e problemas.
Com o passar do tempo a inquietação só aumentou, pois desde a faculdade observo que a Síndrome dos Ovários Policísticos, como é nominada pela literatura científica atual, acomete tantas mulheres e ainda é tão mal diagnosticada e conduzida, estigmatizando-as e causando iatrogenias por tratamentos inadequados e supressores do corpo da mulher, por vezes durante anos, extirpando seus ciclos, sua libido, seus planos, inclusive seu planejamento familiar e liberdade de escolhas.
Esse Estado Metabólico Disfuncional Feminino (SOP) apresenta-se clinicamente por ciclos irregulares (disfunção menstrual ou ovulatória) e hiperandrogenismo (acne e/ou hirsutismo), podendo estar associada a outras patologias ou síndromes metabólicas, como Obesidade, Diabetes Mellitus, Intolerância à Glicose Oral, Esteatose Hepática, Dislipidemia, Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono, Doenças Cardiovasculares, Transtornos do Humor e da Auto-representação Corporal, além da Hiperplasia Adrenal Congênita.
Em Medicina é fato que a Clínica é soberana para o diagnóstico, e a mulher com SOP apresenta pelos com distribuição masculina, obesidade centrípeta – aumento do volume abdominal, libido (apetite sexual) aumentado, alteração da voz (voz mais grave – “grossa”), eventos recorrentes de hipoglicemia (irritabilidade, tonteira, visão turva, parestesias – “dormências”, síncopes – “desmaios”). Mas, eventualmente, os exames complementares são importantes para avaliar a gravidade das doenças, nortear condutas e fazer diagnóstico diferencial com outras patologias. Para tal podemos contar com exames laboratoriais, de sangue – avaliação hormonal, e exames radiológicos - de imagem - que não são considerados essenciais pelo consenso.
No caso da SOP, especificamente, o hiperestímulo do estroma ovariano pode gerar cistos evidenciados na ultrassonografia, que muitas vezes apoia o diagnóstico clínico a partir de imagem com volume ovariano > ou = 10 cm3 e/ou 20 ou mais folículos de 2 a 9 mm, em pelo menos um ovário. Lembro que essa avaliação: deve ser cuidadosa e preferencialmente por via vaginal; não se aplica para usuárias de Anticoncepcionais Hormonais; não deve ser realizada em pacientes com menarca a menos de 8 anos (30 a 40% apresenta ovário com aspecto policístico); e é necessário repetir o ultrassom se houver sinal de ovulação.
Finalizando esse texto que escrevi com muito carinho, trago uma informação crucial para nosso momento médico/cultural: O diagnóstico de SOP só pode ser feito de 6 a 8 anos após a menarca (primeira menstruação) e o tratamento pode ser natural. A MEV – mudança no estilo de vida por si só já traz benefícios metabólicos, reprodutivos e psicológicos. E a reconexão com a energia feminina, tão rejeitada e oprimida nos últimos séculos, a meu ver, ancora o tratamento de todo Estado Metabólico Disfuncional Feminino. Tudo isso apoiado pela Medicina Milenar Ayurvédica e a Homeopatia proporciona uma cura profunda e prevenção de muitas questões do Feminino Sagrado.
Eu acolho no consultório muitas mulheres que tomaram anticoncepcionais desde a adolescência, por muitos anos, prescritos para tratar ovários policísticos – sofro e lamento profundamente. E algumas só me procuram depois que tiveram trombose, depressão, perda da libido, dentro outras complicações que os hormônios provocam... ou simplesmente por que decidiram se reconectar com sua saúde, natureza e ciclicidade. Então deixo aqui minha colaboração pública e gratuita para mudar essa realidade de tantas Mulheres Vivas! Gratidão pela oportunidade de ser esse veículo de informação e transformação!
Luciana Lopes Lemos
Médica, Holística, Ginecologista, Natural, Obstetra, Humanista, Homeopata, Mestre em Saúde Pública, Ayurveda em formação.
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