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Amamentação: conexão e entrega


Uma das perguntas que mais recebo a respeito do pós-parto é sobre como se preparar para a amamentação. Pensando nisso e nas dificuldades que muitas mães têm neste momento, recentemente promovi uma Oficina de Amamentação no consultório. Foi uma tarde de muito aprendizado e informação de qualidade e fiquei muito feliz pelas mulheres que puderam estar conosco.

Mas, ao mesmo tempo, fiquei pensando em como compartilhar esse conhecimento com todas as que não puderam estar conosco e não tem momento melhor que a Semana Mundial da Amamentação para isso.

Sendo assim, como podemos ajudar uma gestante que está se preparando para amamentar?

Com informação de qualidade!

Confira abaixo:

Durante a gravidez

Receitas muito recomendadas por aí, como passar bucha nos mamilos, esfregar com toalhas, passar cremes e hidratantes, estimular o bico do seio para que ele fique pronunciado... nada disso ajuda – e pode inclusive atrapalhar. Os mamilos precisam estar com a pele forte e “calejada” para a nova demanda do bebê mamando o tempo todo. Portanto, se você usar buchas e hidratantes ou maltratar a pele do mamilo, ele só ficará mais sensível, dolorido e suscetível a feridas.

Logo após o nascimento

Independente da via de parto, converse com a equipe e deixe bem claro que você quer ficar com o bebê no colo desde o comecinho, pelo menos durante a primeira hora de vida. Se o bebê e você estiverem bem após o parto, as primeiras checagens podem ser feitas com o pequeno no seu colo e você poderá oferecer o seio. Não se preocupe caso seu filho não queira mamar, esse primeiro contato pele a pele é que é muito importante para o sucesso da amamentação.

A pega correta

Existe uma maneira correta que o bebê deve abocanhar o seio. A boca deve estar bem aberta, em formato de peixinho, com os lábios virados para fora. O nariz do bebê deve estar livre e o queixo mais encostado no seio. O bebê deve abocanhar a maior parte da aréola – e não só o bico. Caso seu filho não esteja acertando, tenha paciência e recomece: isso garantirá que a mamada seja realmente eficiente e não cause feridas em você.

O colostro e a descida do leite

O colostro é o que vem antes da descida do leite em si e é um alimento extremamente importante para o bebê. Não se preocupe caso não “vaze” colostro, ele vem em menor quantidade que o leite, mas é bem mais denso e rico em proteínas, perfeito para as primeiras mamadas, até que o leite materno desça de fato. Essa descida pode acontecer em até 3 dias após o parto – em caso de cesariana pode demorar um pouco mais.

Livre demanda

A chave para o estabelecimento da amamentação é deixar o bebê mamar livremente, sem regular horários nem duração das mamadas. A livre demanda é tão fundamental para a amamentação que é amplamente recomendada pelo Ministério da Saúde e também pela Organização Mundial de Saúde. É verdade que tem um bebê “pendurado” o dia todo pode ser bem cansativo, o que me leva à próxima dica:

Rede de apoio

Cerque-se de pessoas que apoiem você neste momento. A melhor ajuda que você poderá receber não é ter quem cuide do bebê no seu lugar, mas sim quem cuide do resto: comida, casa, dê atenção para visitas e que garanta um tempinho pra você tomar um banho ou cochilar até a próxima mamada.

Palpites

Esse item está relacionado à rede de apoio: palpites equivocados virão aos montes, então é bom estar preparada. Se for o caso, evite visitas e resguarde-se! O puerpério imediato pode deixar você muito sensível e qualquer comentário não-solicitado e negativo atrapalha muito!

Mamadeira e chupeta não!

Você já deve ter ouvido falar de confusão de bicos: é o que acontece quando o bebê se acostuma a sugar em mamadeira e chupeta (até mesmo aqueles bicos de silicone) e desaprende a fazer a mamada corretamente no seio. Quando isso acontece, o bebê não consegue mamar tudo que precisa, mama mais vezes, fica mais irritadiço e erra cada vez mais a pega – o que faz ele mamar menos do que precisa novamente. Essa bola de neve pode evoluir de tal forma que o desmame acontece mais rápido do que esperava e muitas mães acham que “não tinham leite”. Evite!

Cerque-se de profissionais que apoiem a amamentação

Assim como é importante a rede de apoio pessoal, uma rede de apoio profissional também tem influência positiva na amamentação. Busque acompanhamento de obstetra que entenda de amamentação, um pediatra que apoie o aleitamento materno, além de ter o contato de uma consultora de amamentação ou banco de leite em caso de eventuais problemas. Não deixe o tempo passar para procurar ajuda, qualquer dúvida é válida e deve ser esclarecida o quanto antes.

Amamentação é conexão

Deixando de lado a parte técnica, lembre-se que, embora seu bebê já esteja “do lado de fora”, ele ainda está em profunda simbiose com você. Ele ainda precisará sentir seu corpo para se manter bem, tranquilo, calmo, confortado. O seu leite, além de alimento, é uma oportunidade de conexão muito íntima para seu filho, que ele só tinha na vida intrauterina. Amamentação é o primeiro grande vínculo que o bebê faz, por isso o leite materno é muito mais que alimento para o corpo. É alimento para a alma! Não tenha medo de se entregar a essa conexão! Antes do que você pensa, seu bebê cresce e aprende a se vincular de outras maneiras com você e com o mundo. E novos desafios virão!

Luciana Lopes Lemos

Ginecologista Holística e Obstetra Humanizada

Mulher Viva

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