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Relato do parto natural de Maria Teresa: vivendo curas de amor.


A seguir você lerá um pouco sobre a nossa experiência (minha e do meu esposo) com a humanização, que na bem da verdade, apesar de todo o desejo pelo parto normal desde o nosso primeiro filho, só começou a se tornar realidade quando Deus desenhou para nós o caminho… Sim, Ele precisou desenhar. Segura que lá vem textão!

A cesariana anterior: um resumo dos fatos.

Em 2011, enquanto esperávamos nosso primogênito, João Paulo, conversávamos muito sobre o parto normal. Recém casados, sem referências de obstetras, acabei aceitando a dica de uma colega de trabalho e comecei o pré natal com um ginecologista obstetra (GO) simpático e atencioso, e que me dizia sempre:- Se tudo correr bem, você terá um parto normal.Obviamente, eu, novata e ignorante no assunto, numa família onde a geração anterior toda tinha recebido seus filhos através de cesarianas, estabeleci uma relação de confiança com esse médico e assim foi até o final da gestação. E, considerando que nosso baby ficou pélvico e com duas voltas de cordão no pescoço durante todas as ultrassons que realizamos, o GO por volta das 37 semanas nos indicou a cesariana eletiva (escolhendo a data), dizendo que eu não poderia entrar em trabalho de parto (TP). Hoje sabemos que esses fatos não são indicações reais para cesariana, e eu precisei de um bom tempo para me perdoar pela ignorância e inércia de buscar o melhor pra mim e meu filhote. Marcamos a cesária, e no dia de nosso primeiro aniversário de casamento nosso filhote chegou, sem chorar e sendo animado na sequência com aspiração. Me lembro também do anestesista subindo em mim para empurrá-lo. Diziam que estava agarrado na minha costela. Anestesiada, não senti dor. Mas hoje sinto certa tristeza por lembrar dessas violências às quais fui submetida por falta de informação. Entretanto, acreditamos que Deus sabe o tempo certo para cada coisa e o propósito de tudo que nos acontece. Assim, seguimos sendo gratos pelo primeiro presente de casamento que recebemos, e que até hoje nos enche de alegria e amor!

Segunda gestação: tudo novo de novo.

Ficamos grávidos novamente, quase seis anos depois. Durante esse tempo muita informação fomos adquirindo, nossa vida e vocação matrimonial foi ganhando nova perspectiva e já vislumbrávamos que uma segunda gestação seria bem diferente da primeira.

Quando descobrimos a gravidez, marquei consulta com aquele mesmo médico, e iniciei o pré natal, mas ainda com aquele desejo de buscar um outro tipo de assistência suprimido pelo receio de sair da minha zona de conforto. E quando se está nessa condição, tudo é desculpa para não se dar o passo na direção da mudança. As semanas se passavam e a inquietação só aumentava.

Um belo dia (belo mesmo, sol lindo) após uma conversa franca com meu esposo sobre meu desejo de mudar de médico, fomos a um casamento (eu já estava de 26 semanas, e um pouco indisposta, não querendo acompanhá-lo) e foi lá que Deus desenhou para nós.

Encontramos um casal de amigos de meu esposo, e, após longa, produtiva e abençoada conversa entendemos que realmente só nos faltava a coragem de dar o passo. Assim fizemos, e claro, Deus colocou chão na sequência. Eu estava de 28 semanas quando encontramos nossa GO humanizada. Eu já a conhecia, pois o nome dela aparecia quando eu pesquisava sobre o método de Ovulação Billings e tínhamos conhecidos em comum.

Ao nos ver, ela abriu um sorriso e disse: - Que barrigão é esse que veio me visitar? E nesse dia fizemos nossa primeira consulta. Que bênção. Estávamos sendo ouvidos em nossas inquietações sobre o parto pela primeira vez. Ali começou a humanização. De verdade. Ao final da consulta, após muita conversa e chororô ela pegou na minha mão e disse: -Vamos juntas ver sua pequena chegar ao mundo naturalmente? Foi então que pela primeira vez saí do consultório com essa certeza, de que Maria Teresa viria ao mundo da forma mais natural possível, no tempo dela. Na sequência, desmarcamos consulta com outros obstetras e iniciamos um verdadeiro “Ora et labora”, pois sabíamos que era necessário o auxílio da Graça Divina e também o estudo para entendermos e passarmos bem por todo o processo do parto, e puerpério. E de estudar a gente gosta!

Fizemos consultas semanais desde então, e a cada consulta uma cura interior se estabelecia. O espaço de escuta para falar e refletir sobre minha vida, nascimento, traumas, anseios e dificuldades me ajudaram a trabalhar a cabeça para deixar tudo aquilo que poderia de alguma forma prejudicar o nosso caminho, meu e da pequena rosa que eu gestava. Trabalhar as expectativas foi fundamental. Não desejávamos uma outra cesariana, mas tomamos ciência da sua importância nas suas reais indicações. Nosso desejo era mesmo o de viver com gratidão essa experiência plena de sermos co autores da vida, junto com Deus. E permitir que ela escolhesse o momento de nascer, que ela desse os seus sinais de que queria chegar. O fato é que Deus já tinha nos confiado a paternidade e a maternidade de Maria Teresa, desde a sua concepção, nada mudaria isso. Viver o trabalho de parto, suas dores de amor seria um grandioso presente, mas o contrário, em caso de necessidade real, não nos tiraria a alegria da grande hora. A consciência de ter feito todo o possível e confiado na providência Divina certamente nos acompanharia.

Doula: uma bela experiência com aquela que serve.

Queria falar um pouquinho sobre ela. Demorei a entender que eu precisaria de uma. As doulas, de maneira resumida, são aquelas mulheres que nos auxiliam seja na gestação, com informações sobre o processo; no parto, com métodos não farmacológicos para alívio da dor; e no pós parto, com acolhimento e informações acerca da amamentação. Eu e Beto, meu esposo, tínhamos escolhido viver essa experiência do parto reservadamente, de maneira a nos preservarmos da ansiedade externa, até porque o trabalho de parto poderia durar 3h, 48h ou até mais. E nesse caso, a presença da doula foi fundamental para dividirmos as expectativas e os acontecimentos do grande momento. Ela esteve ali para nos informar, apoiar, incentivar e nos lembrou, sempre que necessário, mesmo no silêncio do seu olhar, do sentido por trás de todo aquele processo que eu vivia. Ela estava ao meu lado me mostrando, inclusive com sua experiência de vida, aonde eu queria chegar. A doula que escolhi tinha o bônus de professar a mesma fé que eu (penso que não rolaria se fosse diferente), então, nossa conexão foi alimentada pela intercessão de Maria Santíssima, aquela que disse SIM e que não mediu esforços para ir de encontro a Isabel para auxiliá-la, também grávida e de idade avançada.

Nossa doula nos ajudou na preparação do nosso plano de parto, documento importante (que toda gestante deveria conhecer) que lista nossas expectativas e desejos para o parto, no nosso caso o natural, que foi aprovado pela GO e protocolado junto ao hospital.

Os registros fotográficos desse momento também foram feitos por ela, com muito carinho, e lhe seremos eternamente gratos pela presença acolhedora e amiga nesse caminho de paciência e entrega que experimentamos. E sim, toda gestante merece uma doula e também uma rede de apoio que a acolha nesse momento especial .

Preparação para a Data Provável de Parto (DPP), ou não.

E assim fomos construindo conhecimento acerca do parto que desejávamos: seja com a leitura de inúmeros relatos de parto, a participação em rodas de gestantes presenciais e virtuais, através de grupos pró parto natural nas redes sociais (os baseados em evidências científicas) e ainda assistindo ao filme “O renascimento do parto”. O filme em particular contribuiu muito para entendermos como o “sistema” funciona e nos abre os olhos para a questão da violência obstétrica que tantas mulheres sofrem caladas, pois foram, ao longo de décadas condicionadas a acreditar que não são capazes de parir naturalmente. Para o sistema, tempo é sempre dinheiro. Recomendo muito o filme a quem tem interesse pelo assunto.

Chegamos às 40 semanas. E eu então percebi que seria trabalhada na virtude da paciência - aquela que tudo alcança - como diria uma das madrinhas espirituais de nossa pequena, Santa Teresa D’Ávila. Com DPP prevista para 07 de fevereiro, vimos esse dia chegar sem nenhum sinal de início do TP, nem pródromos, nem nada. Após as 40 sem, cada noite de sono é carregado de expectativa. Conversava (e chorava) muito com o Beto, que me acalmava com sua serenidade e paciência de Jó (rsrs). Foi então que comecei a me afastar das redes sociais, pois a ansiedade sempre aumentava à medida que alguém perguntava: - Ainda não nasceu?

E mais ainda, quando algum bebê do círculo de amizade, com DPP próxima a nossa, nascia. Eu tentava relaxar passeando, indo à praia, à casa de amigos da nossa rede de apoio (ah, rede de apoio é tudo de bom, quanta gratidão). E foi nessa época, que eu comecei a lançar mão de alguns métodos alternativos para “facilitar” a indução do parto. Já comia tâmaras (auxílio na dor), tomava chás, usava homeopatia, entretanto, nenhum sinal, em plena 41a semana.

No SUS a indicação de internação para interrupção da gravidez acontece com 41 semanas e 3 dias, pois a literatura científica caracteriza como pós datismo (pós termo ou gestação prolongada) depois de 41 semanas e após as 42 semanas minha GO não teria mais respaldo científico para esperar tendo em vista o aumento dos riscos para a saúde do bebê.

Por essa razão, com a devida orientação médica, monitoramos a gestação em intervalos curtos com PBF (um exame que avalia o perfil biofísico fetal), e a pequena recebia sempre nota máxima, o que nos tranquilizava bastante a prosseguir para além dos limites de segurança oficiais, apostando no binômio mãe-filha, na natureza e no tempo de Deus. Fiz acupuntura, que me ajudou muito na parte emocional (chorava litros em cada sessão). Escrevi carta para a bebê, e nos entregava constantemente a intercessão de Nossa Senhora do bom Parto.

O dia de Maria Teresa: experimentando a total entrega.

“Nada te perturbe, nada te espante, tudo passa, Deus não muda. A paciência tudo alcança, quem a Deus tem nada lhe falta. Só Deus basta”. Essa era a minha oração na reta final. Palavras da Santa que tinha feito esse caminho comigo, e cujo nome daria pra minha pequena rosa, Teresa. Com 41 semanas e 5 dias, madrugada de segunda feira comecei a sentir os pródromos (contrações com dor que não evoluíram para o TP), iniciei a cronometragem dos intervalos e avisei a doula e a minha GO. Durante o dia, a doula esteve conosco, conversamos muito, mas ainda não era a hora de Teresinha e as contrações cessaram no fim da tarde de segunda, para meu “quase” desespero. Chorei a vida nessa noite que se seguiu, mas consegui dormir.

Terça feira, dia 20, foi um dia cheio. Fiz acupuntura de manhã, a tarde fui à GO que nos mandou realizar outro PBF, fizemos o exame, nota 10 novamente! Voltamos ao consultório, pois no dia seguinte eu completaria 42 semanas e a partir de então seria necessário o termo de consentimento esclarecido, assinado por mim e pelo Beto, para esperar o trabalho de parto iniciar até as 43 semanas. Com os exames normais, e a certeza do caminho trilhado até então, optamos pela espera e fizemos o termo.

Planejamos uma indução hospitalar para o final de semana, dia 24, pois ainda tentaríamos o parto normal e sabíamos da possibilidade de falhas na indução que evoluiria para uma cesariana. Era uma opção com conhecimento de causa, com informação consistente e coerente. E é esse poder de escolha pelo parto natural com assistência humanizada que o “sistema” infelizmente não permite que a maioria das mulheres tenham acesso. Já existem iniciativas de humanização, inclusive no SUS, mas falta ainda muito o que transformar, principalmente nas pessoas. “É aquela porta que só se abre de dentro pra fora” - frase que ouvi numa roda de gestante e levarei para vida.

Voltamos pra casa com a certeza de que teríamos nossa pequena nos braços e de que tínhamos realizado tudo o que estava ao nosso alcance. Era Deus no comando agora. Na verdade Ele sempre esteve, mas agora era só esperar... Estava completamente entregue. E hoje percebo como era realmente preciso entregar. Por volta de zero hora da quarta feira eu levantei da cama, sentei na bola de pilates (minha fiel companheira hahaha) e enquanto me movimentava escutando a playlist do parto, conversei francamente com Maria Teresa. Eu chorava de amor, de alívio. Eu estava sendo curada mais uma vez. Eu disse a ela que a estávamos esperando, ela tinha alguns dias pra vir naturalmente se quisesse e que o ciclo se encerrava em breve e iríamos nos conhecer, de qualquer maneira. Eu era só gratidão naquele momento. Eu penso que ela entendeu o meu recado e resolveu dar o ar da sua graça.

Às 3h da manhã, já deitada na cama, sinto cólicas tipo menstruação, e vou ao banheiro. Ops, sangue no vaso. Comecei a chorar (só pra variar kkk) e tirei uma foto. Levei pra cama pra mostrar pro Beto. O melhor foi a empolgação sonolenta dele: - Nossa, que bom amor, isso é bom sinal, vamos dormir. Eu tinha quase certeza que era parte do tampão mucoso, e mais uma vez tive que esperar até de manhã pra avisar a GO e tirar essa dúvida. Nesse ínterim, começaram as contrações, de sensação bem diferente dos pródromos, mais doloridas e com intervalos mais regulares. Comecei a marcar os intervalos. Às 7h da manhã, mando a foto para a GO, e recebo dela um “emoticon” de coração seguido de um “adooorooo”. Confirmado então que tinha tudo pro TP evoluir.

Às 14h estava marcada a Marmaterapia uma massagem que eu desconhecia mas fiz por indicação da minha GO e posso dizer que foi maravilhoso. Relaxei muito mesmo durante as contrações, e penso que esse relaxamento foi fundamental para as fases que se seguiram ainda naquele dia. O negócio começou a ficar tenso quando a marmaterapeuta foi embora. Os intervalos começaram a diminuir, e a GO pediu pra me ver naquela noite.

Cheguei no prédio e pedimos a cadeira de rodas para eu subir até o consultório. Eu estava contraindo bastante, e em intervalos bem curtos. Não esquecerei jamais a serenidade no olhar da GO, que me viu na cadeira com a cara feia de dor, me abraçou gentilmente e pediu pra fazer o toque. A propósito, esse foi o primeiro toque que recebi em toda a gestação, no total dois toques contando com um no hospital já em TP ativo. Ao final do exame ela olhou pra mim e disse: - Maria Teresa está chegando, vamos nos preparar para recebê-la? Nesse momento, chorei de novo e só sabia agradecer a Deus por aquele momento, pela oportunidade de sentir aquelas dores para dar a luz a esse novo ser confiado a nós, por Ele.

Saímos do consultório com encaminhamento para a maternidade. Fomos em casa pegar as bolsas e documentos, nesse intervalo a doula chegou enquanto eu tomava banho. Meu filho se emocionava participando do processo, me abraçava bem no barrigão e dizia que a dor ia passar, assim que Maria Teresa chegasse - olha eu ali sendo curada de novo, por aquele pequenino que não via a hora de conhecer a irmãzinha que ele tanto pediu a Jesus em oração. Minha mãe ali, sem muita reação, fazendo o que eu (meio ogra já) e Beto lhe pedíamos, sofrendo por dentro por ver a filha sentir dor (isso porque durante os meus pródromos de segunda feira ela passou mal, literalmente). E saímos de casa, eu, doula, marido, bola e Maria Teresa trabalhando pra vir a esse mundão. Por volta das 22h chegamos ao hospital, burocracia de praxe, e eu ali sentada na bola, concentrada no processo para não perder o foco, sabia que a GO chegaria mais tarde. Para minha alegria, ela chegou pouco depois que internei. Ainda fiquei umas 2 a 3h no quarto, sentava na bola, tomava banho, recebia massagem na lombar da doula, e dava porrada no Beto durante algumas contrações. É gente, ele apanhou sorrindo. Estávamos fortemente conectados e eu não sei o que seria de mim sem ele naquela madrugada.

Em algum momento, a GO pediu pra fazer o segundo e último toque, a fim de nos encaminharmos para sala de pré parto, onde havia a estrutura humanizada e para uma cesariana de emergência, caso necessária.

Aqui as lembranças começam a ficar turvas, me lembro de ir ao banheiro antes de entrar na banheira, lá minha bolsa estourou. Líquido clarinho, fiz questão de observar. Entrei na banheira. Comi uma salada de fruta. Tomei homeopatia. Não achava posição confortável na banheira, mas a água quente diminuía a sensação de dor, então eu não queria sair. Aliás, queria estar lá até hoje. Banheira com água quente é vida! Até que me posicionei semi sentada e agarrei os braços do Beto como uma alavanca. Nem xixi deixei o marido fazer minha gente, pois quando vinham as contrações era nele que eu me apoiava. Ele sempre me apoia. Amo esse homem, que não foi coadjuvante nesse parto, foi o melhor pai e marido que poderia ser. Aguentamos firme, e fomos curados mais uma vez pelo Amor.

Nos intervalos das contrações eu dormia. Lembro de ouvir apenas uma música da minha playlist: Asa Morena. Salvei umas 40 pra escutar, mas a essa altura eu já era toda de Maria Teresa e não conseguia raciocinar. Depois dos gritos de dor (ah, como eu gritei), vieram os grunidos. Chamam de vocalização. Entrei na partolândia. Iniciou-se a parte expulsiva do parto. Em algum momento senti o tal círculo de fogo (é fogo na pele mesmo, tá!) e a GO perguntou se eu queria sentir a cabecinha dela. Toquei rapidamente mas aí veio outra contração e então só lembro de ver a médica pendurada na banheira para segurar a pequena, já que não deixei Beto sair de trás de mim, lembra?

A cabeça saiu e por conta do que a GO chamou de “máscara” ela me pediu para fazer uma força a fim de que ela nascesse logo. Fiz a força, e ela nasceu. E chorou, e veio pro meu colo, me olhou, se acalmou,abocanhou meu peito, e eu só conseguia repetir: - Meu Deus, meu Deus, meu Deus! Eu renascia com Maria Teresa às 6:46h daquele 22 de fevereiro de 2018. E era curada mais uma vez.

O parto da placenta: o segundo (re)nascimento.

Maria Teresa nasceu de 42 semanas e 1 dia com 4,050kg e 54 cm, naturalmente. Sem ocitocina e nem anestesia. Fizemos um belo trabalho (de parto) nós duas, com a graça de Deus. Eu tive lacerações, não sei quantas nem o grau, levei alguns pontos no períneo e tive uma recuperação excelente. Mas a cereja do bolo mesmo veio depois, no processo que aguardar a placenta nascer. Gente, antes de engravidar de Maria Teresa eu não sabia que placentas nasciam, tamanha minha ignorância. O tempo passava e nada da bonita dar o ar da graça. Vinha uma contração, saía um pedaço. GO sugeriu uma injeção de ocitocina. Aceitei. No meio tempo ela senta pra dar os pontos e me pergunta com aquele mesmo olhar sereno: - O que está faltando pra ela (placenta) nascer?

Antes disso, a doula me recordava de nossas conversas sobre a importância da relação mãe e filha nesse processo do parto e ao ser questionada pela GO meu impulso foi pedir pra doula ligar para minha mãe. Eu senti que precisava falar com ela. Ela atendeu: - Oi filha, Maria nasceu? Eu: - Sim mãe, naturalmente. Ela é linda. Ela: - Eu vi, Beto mandou foto. Você está bem? Eu: Sim mãe, liguei pra dizer que te amo. Ela: Eu também te amo filha.

E nesse instante tivemos choro, muito choro. Minha mãe chorosa de um lado da linha, eu, minha GO e doula em prantos do outro, e assim a placenta de Maria Teresa nasceu completamente. E minha relação com minha mãe renasceu. Fomos curadas, mais uma vez. Nós guardamos a placenta congelada durante quase cinco meses pois eu queria enterrá-la na casa de minha mãe, e essa foi outra experiência linda de amor e cura, dessa vez com minha avó, mãe da minha mãe. Muito feliz por Deus nos ter proporcionado mais essa experiência de ressignificação de minhas relações com as mulheres da minha família.

Encerro esse relato com o coração cheio de gratidão a todos aqueles que viveram conosco essa espera valorosa de nossa pequena rosa, Maria Teresa. Louvo à Deus por sua infinita bondade e misericórdia comigo em todo o tempo, e agradeço em especial aos meus queridos: Roberto (esposo), João Paulo (filho), Eliete (mãe), Luciana Lopes (GO que tem me ensinado o que é ser uma Mulher Viva), Roberta Reis (doula e Mãe da Prole), Arnaldo Bueno (pediatra). À intercessão de minha rede de apoio (amigos e amigas que sabem quem são) e de Nossa Senhora do bom Parto, Santa Teresinha do Menino Jesus e Santa Teresa D’Ávila.

Sigo acreditando que a natureza é sábia, que Deus é perfeito e a nós cabe apenas dar os passos, em Sua direção, orando, trabalhando e confiando em Sua Divina providência e misericórdia.

Às gestantes e tentantes que por ventura leiam esse relato, saibam que parir dói, e muito, mas é o que eu chamo de dor de entrega, de cura, de amor. Eu não imaginava que seria tão maravilhoso, experimentar desse caminho. E o melhor, dias depois já não conseguia mais me lembrar da dor, de verdade. Já quero viver tudo de novo.

Parir naturalmente foi lindo e viciante.

É possível, vale a pena e eu recomendo.

Danielli Meira

Danielli Meira Queiroz


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