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Relato de parto: Mayalu e Iris


Hoje faz exatamente um mês que pari minha segunda filhota. Ela veio com a Primavera, na madrugada do dia 23 de setembro de 2016. Penso que esse relato deve iniciar do começo, ou seja, do momento em que decidi procurar uma médica humanizada para me acompanhar nesse momento tão especial. Digo mesmo médica, pois, sem querer desmerecer os ótimos obstetras que existem, pra mim, parir é coisa de mulher, do feminino, então, nunca pensei em parir com um médico. Minha primeira filha nasceu também de parto natural, de cócoras e foi uma experiência muito importante, tanto que me fez querer que a segunda vez fosse ainda melhor, com uma equipe realmente humanizada, que me deixasse parir tranquila e que, caso fosse necessário, soubesse intervir, no caso de haver alguma intercorrência.

Acabei encontrando a Dra. Luciana Lopes através de dois grupos do Facebook: Cesárea não, obrigada e o Saaanta Mãe. Desde o início gostei do seu jeito atencioso, despojado e competente. Ao longo do pré-natal fui conhecendo uma médica que se tornou amiga, acolheu minhas dúvidas e medos e me contou vários relatos de partos onde sua intuição foi um ponto super importante para o desenrolar dos acontecimentos. Assim, ela me ganhou, pois além de extremamente técnica, o lado espiritual pra mim conta muito, ainda mais nesse mistério que é o nascimento.

Cinco dias antes do parto a Dra. Lu me mandou uma mensagem de manhã para saber se estava tudo bem. Fiquei até preocupada, pois com a intuição que ela tem pensei: vai ser hoje! Acabou não sendo, mas algumas horas depois comecei a perder o tampão! Ao longo do dia continuei perdendo aos poucos, com algumas contrações de treinamento. A Dra. Lu estava na Perinatal e então fui lá para ela me examinar. Já estava com o colo afinando e com 4 de dilatação, porém, sem contrações importantes. Voltei pra casa e finalmente fui arrumar a mala da maternidade. Passei a semana bem, sentindo a bebê empurrar bastante pra baixo, e com algumas contrações de treinamento.

Na quinta feira, dia 22 de setembro, comecei a me sentir bastante emocionada, tudo tinha uma intensidade grande e comecei a intuir que em pouco tempo minha princesa estaria chegando ao mundo, pois no meu primeiro parto também tive esse sentimento de intensidade. Às 14h Dra. Lu me mandou um zap dizendo que estava indo para a Perinatal partejar. Esse foi o dia do equinócio de primavera, dia que a primavera se inicia e que o dia e a noite são exatamente iguais. Já estava pensando que esse fato astronômico poderia influenciar também o desenrolar dos acontecimentos. E não deu outra.

Nos primeiros minutos do dia 23, estava eu fazendo minha playlist do parto quando a bolsa estourou. Começou a sair aquela cachoeira, gritei pro meu marido que já estava dormindo. Como meu primeiro parto já tinha sido super rápido - 4h - já sabíamos que eu não poderia ficar muito tempo em casa. Mandei zap pra Dra. Lu, bolsa rota sem contrações. Ela ainda estava na Perinatal partejando e falou para eu ir pra lá para vermos como estava o bebê.

Chegamos lá por volta de 01h00 e fomos para a emergência. Minha doula, Wania Nalini chegou praticamente junto com a gente. 4 de dilatação e as contrações começaram de 5 em 5 minutos. Dra. Lu sugeriu, pelo zap, fazermos um cardiotoco para ver como estava o bebê. Fiquei uns 30 minutos fazendo esse exame, bebê ótimo e contrações começando a aumentar. Aí tivemos um pequeno problema, pois meu exame de streptococus tinha dado positivo, então eu tinha que fazer a profilaxia do antibiótico na veia, o que demoraria por volta de 30 minutos.

Nesse momento as contrações foram aumentando rapidamente, 3 em 3, 2 em 2, 1 em 1, paramos de contar. A doula e o marido começaram a ficar tensos, pois estavam vendo que a evolução do trabalho de parto estava a todo vapor. Eu comecei a ficar com vontade de fazer cocô. A Nalini tinha que explicado que essa vontade é sinal de expulsivo. Nesse momento eu estava sentindo muita dor e tudo o que eu queria era um chuveiro quente, ou uma banheira, ou uma anestesia. Mas eu estava ainda na emergência da Perinatal e a plantonista e a burocracia da internação não estavam acompanhando a rapidez do trabalho de parto. A agulha do antibiótico não conseguiu aguentar a intensidade do momento. Eu já estava na partolândia total, sentindo muita dor e muito enjôo, e naquela sala da emergência, sem o menor conforto. Esse momento foi meio complicado. Finalmente a plantonista me examinou e viu que eu já estava com dilatação total. De 4 pra 10 foi aproximadamente 1 hora.

Enquanto isso a Dra. Lu estava na sala de pré parto, fazendo outro parto que já durava mais de 12 horas. Desde o cardiotoco, ela não tinha visto o zap e então a plantonista ligou pra lá e avisou que eu já estava com dilatação total e subindo para a outra sala de pré parto. Foi uma hora bem tensa, tensão que se dissipou no momento que encontrei a Dra. Luciana. Eu, que estava implorando por uma anestesia, simplesmente me acalmei com sua presença e percebi que estava tudo bem e que a Iris já estava prestes a vir ao mundo. Simplesmente não fazia sentido tomar anestesia, a bebê já estava coroando!

Então a paz reinou e eu me concentrei totalmente naquele momento sublime, super confiante e tranquila, senti a Iris descendo através do meu sacro, da minha bacia. Ao escrever essas linhas, lembro perfeitamente dessa sensação misteriosa e incrível do deslizamento do bebê, do meu ventre para o mundo. Ela nasceu de cócoras, às 03:15h. Foi muito lindo e intenso. Inesquecível cada sensação. A Iris veio direto pro meu colo e lá ficou, por mais de 1 hora. O pediatra, Dr. Arnaldo Bueno, simplesmente assegurou que a Iris estava ótima e que não tinha pressa para tirá-la do meu colo. Não tem preço esse acontecimento, parir com equipe humanizada é ter seu tempo e o do bebê respeitados, sem medo de sofrer um violência obstétrica ou uma desnecesárea. É um investimento que vale muito a pena. Aquela primeira hora de vida da Iris, no meu colo, é uma das experiências mais belas já vividas.

Nem deu pra ouvir a playlist, pois foi tudo muito rápido. Graças a Deus deu tudo certo, só fiquei com um pouquinho de dó de não ter encontrado a Dra. Luciana 1 hora antes, pois tenho certeza que a evolução do trabalho de parto teria acontecido de forma bem mais tranquila do que na emergência, mas enfim, foi desse jeito. Agradecida Dra. Luciana. Deus te ilumine para que possa partejar bastante por aí. Beijos!

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